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a causa das causas

Jogando War

Se agora temos acesso aberto e comercial aos modelos de inteligência artificial como o GPT-4, Gemini, entre outros, é porque a indústria de guerra (que pauta diretamente o avanço tecnológico) já tinha acesso a esses recursos há pelo menos uma década. De fato, o financiamento a pesquisas com linguagem começou nos anos 50 com a cibernética de Wiener e as Conferências Macy (patrocinadas pela CIA via MIT).

Seria no mínimo ingênuo pensar que análises de cenário realizadas por inteligência artificial não são aplicadas massivamente por quem toma as decisões nos altos escalões dos Estados-de-guerra.

Lendo o texto de Jacques Lacan, "Psicanálise e Cibernética, ou da Natureza da Linguagem" de 1955, chamou-me a atenção a seguinte passagem:

E não é a troco de nada que a teoria dos jogos envolve todas as funções de nossa vida econômica, a teoria das coalizões, dos monopólios, a teoria da guerra. Sim, a própria guerra, considerada em seus mecanismos de jogo, desvinculada do que quer que seja de real. (LACAN, Seminário 2, p.367)

Realmente parece que o genocídio do povo Palestino e o avanço da brutal ofensiva sionista sobre os territórios pretendidos (toda a faixa de Gaza e a Cisjordânia), por exemplo, é gerido não pelo real da guerra, mas por uma análise fria calculada pela máquina a partir de teorias dos jogos.

Ou seja, conquistar um pedaço de terra com força bruta é o objetivo almejado e qualquer tipo de análise humana da situação (injustiça, genocídio, convenções e tratados políticos, etc) arrisca como incerto o resultado final da operação. A máquina calcula que para conquistar o que se quer, a melhor jogada, de todas as possíveis, é a aniquilação total.

O homem aponta, a máquina desponta.

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#IA #Lacan #guerra #psicanálise